quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

EX clusivo pra Cida

A idéia era curtir uma balada sertaneja. Os anfitriões eram um blogueiro e uma radialista. Quem faria o carreto era o blogueiro. Em cima da hora mandei o link com o mapa de localização do hotel onde estou hospedado. Em cinco minutos veio a resposta via DM: "Mala...a sua rua se eu entrar de carro ai eu saio a pé...então preciso que me espere na Praça Princesa Isabel, ok?" Gente boa pra caralho o cara, né não? Esse "me espere..." era meia noite.
Mas como eu queria muito conhecer a radialista encarei a empreitada de boa, municiado de um plano genial: ir bem mulambento e emulando um noiado de crack ao andar pela rua e ser confundido com a paisagem.
A balada era a mais completa e perfeita bosta. Parecia cozinha de buffet por quilo de posto de BR, tamanha a quantidade de panelinhas. O blogueiro só ficava de bulling comigo por causa da minha camiseta do Bonde dos Playboys e visivelmente queria comer a radialista antes de mim.
Mas quando fomos pro fumódromo acionei minha artilharia pesada. Me sentei ao lado dela, me escorei num coqueirinho iluminado por uma luz verde que vim lá de baixo e começei a traçar comentários a cerca das manchinhas nas costas delas. Tudo sussurrado no ouvido, logicamente. Comentei das marquinha marrom maior, depois das periféricas, até chegar nos pneuzinhos da barriga que eu disse ter certeza que ela estava escondendo com aquele sinto apertado e que isso não era um problema, mas sim a prova de que ela uma mulher de verdade e provavelmente de pegada.
O blogueiro se ligou de meu ataque aéreo em dois tempos e colou junto, frustrando todo o meu investimento poético. Fui no bar pegar mais cerveja.
Na volta começou a tocar aqueles sertanejões mais forrozeados e não titubeei em convidar a radialista para dançar. O blogueiro começou a coçar o cavanhaque e vi que a coisa não ia bem, mas não desisti, sou duro na queda, porra. Só que na hora em que fui ensinar ela a "arrochar e descer até o chão" o cara surtou, me deu um empurrão e legendou com a frase "Qualé, mermão?"
Resignado, passei o resto da noite bebendo escorado no coqueirinho de luzes verdes, esperando o fim daquela balbúrdia de quinta o observando a bunda gigantesca de uma loira que dançava do outro lado da vidraça e especulando: "se essa porra virar astronauta e for pra lua, vai rolar um vudú gravitacional e Terra é que vai girar ao redor da lua..."
Não lembro direito como é que eu fui parar dentro do carro no final da festa, mas lembro muito bem que o blogueiro simulou que estava na minha rua e que eu não estava sabendo dizer onde era o hotel e graças a este argumento, me abandonou na Praça Princesa Isabel, onde tudo havia começado.
Lógico que eu tomei a direção errada e começei a andar em círculos, não fazendo a mínima idéia de onde caralho estava a porra do hotel. Fui salvo por três noiados de crack que, em gratidão a carteira de Luck Strike azul (que eu odeio e só tinha comprado porque não tinha outro na balada) que dei ales, me conduziram até o hotel, onde ainda tomei mais duas latas de cerveja antes de pacotar, miseravelmente puto da cara.
Basicamente foi isso. E definitivamente, não é grande coisa.