sábado, 27 de outubro de 2012


Quase tudo sobre techno brega

Antes de tudo, devemos entender o Techno brega, ou Techno malody:
Inicialmente o brega seria um ritimo latino, que se confunde com a antiga rumba, ambos ritimos são consumidos pelo publico massa “classe c” junto ao bolero... o brega como o próprio nome diz, foi tido sempre como algo medilcre, ou bagaceira rsrs...
Desde decadas atrás já se tinha um costume de se criar algo diferente para vender no mercado
Talvez a habilidade do paraense alem de tomar chibé seria a criatividade..
Então o brega começa a ser mesclado com outros ritimos, como o bolero e o carimbo(brega carimbó – Kim marques). Então percebe-se que o ritimo é bastante maleável e sempre podia estar sendo adaptado a outros ritimos..
E com o passar dessas evoluções trazidas pelas adaptações, e a entrada de novos artistas abraçando novas idéias, ouve a necessidade de dar outro nome ao ritimo:
Para o que era brega, passou a se chamar flash brega (por causa do flash  back) , e o conjunto de musicas flash brega da-se o nome de “passado”
Então surge o brega pop, e nele temos Juca medalha, Roberto Vilar, Alberto moreno, Kim marques
Uma das pioneiras do brega pop foi a banda caferana, que hj se divide em caferana melodia, caferana harmonia e caferana pop (a mais nova)
A batida é mais dançante e envolvente ate mesmo quem não sabia dançar aprendia com a letra da musica: “é um, é dois, um passinho pra trás, é fácil de aprender, girou não para mais”dançando brega – Kim marques
As principais características do brega pop eram: o conjunto de guitarras “com brilho estalado e palhetadas fortes” e o que não podia faltar era a “clave de sol (dois pedaços de madeira mássica que ao se colidirem davam um som similar ao de uma colher batendo na xícara),
A característica que viaja através de toda as evoluções já sofridas é a letra da musica, o enredo que sempre fala de situações ocorridas em festas...
Nessa passagem do brega para o brega pop, é o momento em que saímos do LP e vamos para a fita K7, esse é o momento em que a pirataria entra em cena ( já que era mais fácil fazer a copia das musicas através de dois deck de gravador domestico)
E as aparelhagens?
Nesse momento já existia os paredões sonoros( antes quanto maior o tamanho, mais se considerava poderoso) as caixas de som das aparelhagens de 15, 20 anos atrás eram bem maiors que as de hj...
Nesse tempo o DJ tocava de costas para o publico, e na sua mesa de equipamentos costumava medir 3 metros de altura por 10 metros de largura, e o que mais chamava atenção nas aparelhagens eram as televisões que ficavam embutidas na mesa de equipamentos, com a simples função de assistir algo na TV aberta enquanto a festa rolava, mas aquilo dava um charme no tempo....
Aparelhagens:  jacksom, rubinetico, ouro negro ,tupinambá, rubi, premier, e pop som e príncipe negro, dentre muito outros...
E as equipes?
Nesse tempo não existia, na verdade existia os fã clubs, tem muita diferença, o fã club ia para a festa pra dançar(hj em dia só restou os ensaios)
Ensaios?
Sim. Hj em dia a dança original entrou em extinção, então alguns dos poucos fan clubs que existem alugam pequenos estabelecimentos para seu ensaio, ex fan club os potentes do brega de Ananindeua (município de Belém do Pará)
E as equipes são uq?
Diferente do fan club, as equipes são um grupo de jovens que se reúnem pra ir pra festa de aparelhagem  pagam ingresso e consomem muitos baldes de cerveja (um balde domestico com gelo contendo 4 ou 5 latas de cerveja) (eles se organizaão com camisas personalizadas, boné, e banner com o nome de sua equipe para que o DJ da aparelhagem mandar um “alô”
Industria do alo
Assim como no forró onde o cantor da alo para os pirateiros que distribuem CDs de shows de bandas ao vivo (alo enrique CDs uma braço garoto!!) aki temos também e funciona da mesma forma, a equipe fica famosa, pois seu nome sai no cd aovivo (isso incentiva a freqüente presença dessa equipes na festa da aparelhagem, gerando lucro para os festeiros e donos de aparelhagens...
Voltando ao assunto
Com a chegada do CD e a introdução de novas Tecnologias, foi mexendo com o imaginário dos artistas, então por que não encher de tecnologia a musica? Os pioneiros dessa façanha foram, tonny Brasil, Luis Nascimento, junho rego, levino..
Na verdade o que mudou foi a utilização de novos elementos tais como:
Squared (um sintetizador que se encontra em qual quer teclado)
A extinção das guitarras bases que representavam o brega pop
E a quantização da bateria (a bateria não tem variação de tempo, pegada, volume ou intensidade não havendo  humanização)
Viradas idênticas repetitivas,
Seu bpm (bpm- batida por minuto) aumentou significativamente, mas não se compara com o que temos hj.
Eis que surge o Techno brega
E sabe por que essa novidade deu certo?
Por que aquii em Belém o que interessa é se vc fez algo novo, se vc fez algo que já fizeram então vc fez em vão..
Com a chegada dessa nova era, algumas das muitas aparelhagens fizeram investimentos e outras pararam no tempo
O Techno brega ainda dividia espaço com outros ritimos eletrônicos como a soca, a Techno merengue e o zouk.. isso ate que era bom, pois todos eles eram parte do repertorio das bandas que faziam shows algumas bandas ate gravaram alguns singles ( banda wlad)
O que não se esperava era a extinção desses ritimos, perdendo espaço para o Techno brega
Nesse meio tempo as aparelhagens que souberam investir, se deram bem e foram elas:
Pop som que se dividiu em 4 aparelhagens:
Pop som 1, pop som 2,pop som 3 e pop som 4
Principe negro
Rubi
Principe negro
Eas bandas nesse momento?
Bom eles não sabiam que apartir de então seu mercado iria sofrer mudanças nada favoráveis..
Nesse tempo quem fazia a musica virar sucesso eram as rádios mas isso hj em dia mudou
Infelizmente foi se cultuando de forma gradativa as aparelhagens passado para elas o poder de decidir qual musica iria fazer sucesso
Com o passar do tempo vários fatores induziram a catástrofe que existe hj no mercado do Techno brega
O culto as aparelhagens - As primeiras bandas de Techno brega a experimentar fazer jingles para aparelhagens foram, banda fruto sensual (a rainha das aparelhagens), jurandy ( o rei das aparelhagens)
Eles lançaram essa modalidade e a galera foi atrás...
Com a entrada das technologias (computador, gravador de cd e internet) ficou muito facil montar um Studio caseiro
Onde vc poderia produzir uma musica e já sabia que se fosse pra uma aparelhagem ela teria grandes chances de estourar (na aparelhagem, nas rádios e na pirataria)
Se com fita k7 a pirataria já estava se fortalecendo, imagine agora com cd e DVD, vc gravaria milhões de CDs com copiadoras
E o Techno brega nessa hora?
Bom com o passar do tempo, os DJs foram aumentando o bpm das musicas através de um programa chamado pcd red (uma replica virtual de cdj) onde eles aceleravam a batida para que a festa ficasse mais animada ( quanto mais rápido, mais divertida a festa fica).. isso foi fazendo com que os produtores fossem aumentando a velocidade da musica na hora de produzi-la, para que o DJ não precisasse aumentar na festa porque quando se altera o bpm a voz ficava com voz de ratinho rsrs
Só que mesmo assim, o DJ sempre aumenta a velocidade...
Veja comigo:
Brega – 135 bpm
Brega pop – 140 bpm
Techno brega (inicialmente)– 145 bpm
Techno brega (com o passar do tempo) – 210 bpm
Nesse tempo mesmo com as aparelhagens no poder, as rádios não tocavam o Techno brega, pois não agradava
Foi ai que as bandas começaram a se dar mal, pois as rádios não tocavam as musicas, só as aparelhagens
Então eis que surge o programa mexe Pará com silvinho santos, a primeira radio a abraçar o Techno brega (hj em dia o programa não existe)
E nesse programa eles lançam a nova evolução do Techno brega “”””O MELODY””””
OS PIONEIROS DO MELODY – Sandro Aragão, Nelsinho Rodrigues, lima neto, Marcelo wall dentre outros
A principio todos não gostaram da nova proposta lançada no programa mexe Pará, ate mesmo eu achei que não vingaria, pois sua batida voltou pra 145 bpm, e todos já estavam acostumados com a batida de 210 bpm... mas estávamos enganados, pois o melody  sobreviveu muito tempo, mas mesmo assim sofreu mudanças no seu bpm denovo
Veja comigo:
Melody inicial: 145 bpm
Melody 2010: 165 bpm
Melody 2011: 170bpm
Melody 2012: 180 bpm ( mais quando o DJ toca, o bpm vai pra 220bpm)
RESUMINDO:  o melody de hj, é a mesma coisa que o Techno brega de 2003

Apartir de 2008 o Techno melody sofre novas alterações, como batidão (dj malukinho e outros), cyber melody (Dj Iran) ragga melody (a volta do tonny Brasil) e o eletro melody (maderito e Joe)
De todos essas ramificações do Techno melody as que sobreviveram foi o eletro melody (banda eletro melody) e o batidão (DJ malukinho, ar15, b. msynk, b. me libera wanda ravelly, viviante batidão etc..)
Com o fim da banda eletro melody, outras bandas surgem e mesclam a idéia com o batidão
Essa acaba sendo o começo de uma nova era pro Techno melody, nessa fusão trás novos nomes, tais como Waldo squash e maderito, gang do eletro ,Marlon branco, DJ David sampler, Joe benassi, aglissom das produções, entre outros..
E quem se destaca pra criar  algo a mais é o Marlon branco Techno machine, seu estilo de letra e dança, faz ele entrar em foco... acaba criando a tremidinha e o passinho (dois estilos de dança)
CUIDADO
Não confunda, Techno melody é um ritimo
Tremiidinha e passinho é uma dança
Ultima mente estão querendo separar as bandas do gueto ( Marlon branco, gang do eletro, Techno machine) das bandas de melody
Tem banda de melody que faz versão de musicas internacionais românticas, e tem as bandas de melody que fazem musicas de autoria própria que fala sobre as equipes de aparelhagens ou de aparelhagens, mas todas são bandas de melody
Com isso criou-se um certo preconceito
Afinal o que ta em alta hj no mundo, são musicas do gueto, da periferia, batidas fortes, solos psicodélicos e que pricipalmente são consumidos pela classe c, e engolido por osmose por todas as classes( ex: funk carioca) todo mundo dança, mas poucos admitem
E em Belém as bandas de musicas românticas estão perdendo espaço para as bandas de musica povão...
Em meio a toda essa cagada, criasse  a modalidade chamada de marcante, onde vc pega uma das primeiras batidas do melody e coloca as guitarras do brega pop, e temos algo na linha do brega ou arrocha, porem a maioria são versões de musicas internacionais
Fazer versões é a principal especialidade do produtor paraense, talvez seja por que a ordem dos músicos e os direitos autorais nunca funcionaram aquii no norte
E tambem devemos levar em conta que é o modo mais fácil e rápido de fazer um sucesso em um lugar onde toda hora esta sendo lançada musica nova...



SITUAÇÃO ATUAL DO MERCADO DO TECHNO MELODY
Belém é o berço do Techno brega
A cada dia são produzidas mais de 500 musicas
E a cada mês pelo menos surgem 3 bandas novas
Quem adiministtra isso são as principais aparelhagens
De 10 bandas que entram em evidencia
A 5 não existe, 2 bandas não duram mais de um ano, e 3 conseguem segurar as pontas
Sergurar as pontas?
Sim, como existe muita banda em Belém, o cachê acaba baixando,...
Agora pense comigo
Se abanda recebe bem pouco, ela não tem dinheiro pra investir nela mesma.
Se a banda faz musica pra aparelhagem, quem acaba ficando na mídia é a aparelhagem
A aparelhagem sim, faz investimento
Pra que um festeiro ou dono de casa de show vai querer contratar uma banda pobre, se pode contratar uma aparelhagem de grande porte com iluminação e tudo o que há de novo em technologia?

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Confusão no Cafofo de Pith Batidão


Semana passada foi ao pela TV Bandeirantes o programa A Liga sobre tecnobrega. Os destaques foram Gaby Amarantos e Gang do Eletro. Era tudo o que o pessoal de Belém queria, que o tecnobrega fosse divulgado em rede nacional. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Muita gente não gostou da maneira como tudo foi apresentado. Em seu perfil no Facebook, o Dj Pith Batidão externou sua opinião e com isso, catalizou uma série de desabafos de outros belenenses nos comentários. As palavras de Pith Batidão foram as seguintes:

"Minha opinião sobre o programa é a seguinte. Eles agiram o tempo todo como se a tremidinha, o treme, o passinho, o piripaque e etc fossem um ritmo. Como meu amigo Joe Benassi falou uma vez, isso não é um ritmo, isso é uma dança. Deu a entender que aqui no Pará só toca Gang do Eletro e Marlon Branco. Eu não tenho nada contra eles, até porque são meus amigos, acho que faltou ao programa mostrar outros tipos de tecnomelodys, que apesar de serem versões de músicas internacionais, são as músicas que realmente predominam aqui em Belém e no resto do Pará. Vou dar exemplos de algumas bandas: AR-15, Os Brothers, M-Synck, Anjos do Melody, Bruno e Trio, Banda 007, Estrela do Melody, Kalango, Os Karinhas, Companhia do Tecno, New Melody e muitas outras". (Pith Batidão)

Várias pessoas concordaram com as palavras de Pith Batidão. Mais de oitenta pessoas curtiram a publicação e os comentários superaram as duas centenas. Do coro dos descontentes, o mais exaltado foi Joe Benassi. Suas palavras saíram carregadas de um certo revolta incontida:

"...só fico triste que os "bola da vez" não tenham a minima consideração, lealdade, bom senso, escrúpulo, de orientar a produção do tal programa, pra que fosse feito um documentário claro, transparente, real e acima de tudo íntegro...  Mas por outro lado ate que não foi tão ruim, serve pra baixar a bola de uma meia duzia que se acha a nobresa do techno melody se achando superior as bandas que eles excluirm forçadamente do techno melody para o que eles deram um titulo novo chamado Tremidinha." (Joe Benassi)

Sua revolta no entanto é compreensível. Afinal de conta lá estava a Gang do Eletro sob os holofotes, aclamada pelo seu inovador eletromelody (o tecnomelody padrão do Pará, mais acelerado e mais pesado, devido à mistura com eletrohouse europeu) e ele foi o criador da mistura, juntamente com o cantor Marcos Maderito. Contigências do destino fizeram com que os dois seguissem caminhos diferentes. Hoje Joe está na batalha com sua Techno Machine junto com David Sampler e talento pra chegar onde a Gang do Eletro está chegando, tem de sobra.

Waldo Squash, hoje o maestro da Gang do Eletro, é um cara extremamente diplomata, centrado e de bom senso. Quando a fogueira estava queimando no tópico de Pith Batidão, apareceu para esclarecer as coisas. A declaração de Waldo foi a seguinte:

 "Amigos, isso é só o primeiro passo para o crescimento real da cena, essa não foi a primeira e nem será a ultima reportagem que será feita aqui. O mercado musical tem espaço para todo mundo, basta ter paciência e trabalhar duro. Não sei se vocês perceberam, mas já tem uns 5 meses que a Gang do Eletro não grava músicas novas. Isso é por que estamos trabalhando duro fora do estado, tentando vender o som que agente faz.Mas esse trabalho não é pra exaltar somente a Gang do eletro, e sim a todos que trabalham o mesmo Gênero musical. 

Os meninos da banda UÓ tem um publico muito grande dentro do brasil e estão ajudando a espalhar o rítmo. Sair da sua terra e tentar conquistar novos amantes desse tipo de musica não é fácil, em todo lugar tem uma cena musical que é muito diferente do que vivemos em Belém, o som daqui soa estranho no ouvido das pessoas fora. Mas vamos chegar lá com ajuda de todos, queríamos poder colocar todas as bandas dentro da matéria, tanto que convidamos os meninos da ARK para a gravação no dia do SUPERPOP, mas isso fica a critérios dos editores, eles vieram aqui e nós levamos eles nas festas do Tupinambá, SuperPop, Badalasom... não levamos em mais por que Mega Príncipe e Rubi não estavam tocando em Belém no final de semana em que eles estavam gravando. Mas em fim, vamos nos ajudar que a coisa anda, minha gente!" (Waldo Squash)

Com a declaração de Waldo Squash ficou claro que todos os deslizes da matéria são única e exclusivamente de responsabilidade da produção da matéria. O motivo pelo qual estou contextualizando aqui os principais comentários, é que eles são reveladores de uma característica muito forte que tenho notado nos artistas paraenses, principalmente os da cena do tecnobrega: a desunião e uma aparentemente indestritível rede de intrigas. É raro encontrar alguém - e o Waldo é um desses raros alguéns - que não fale mal de outro alguém. É isso que prejudica o movimento e que praticamente inviabiliza a coisa toda na forma de um movimento. Pra finalizar, colo aqui o meu depoimento na discussão, que mais ou menos sintetiza o que eu penso a respeito:

"Em primeiro lugar, temos que parar com essa mania de achar que uma reportagem, principalmente feita por alguém de fora, vá dar conta de toda a diversidade musical local. Isso é impossível, ou os caras mantém um foco ou o telespectador não vai entender nada. 

Em segundo lugar é essa desunião. O tecnomelody é um ritmo consolidado, mas está muito longe de ser um movimento. Como ritmo, o tecnomelody não conseguirá estourar nacionalmente. Pode uma banda ou um artista, que é mais ou menos o que está acontecendo com a Gaby e com a Gang. 

Acompanho a cena de perto já fazem quatro anos e tenho percebido um padrão: todos esperam que o tecnomelody estoure, mas como não há um movimento, como disse, isso nunca vai acontecer. Ou as pessoas esquecem o "estouro" e se concentram em "trabalho contínuo em harmonia" ou vai ficar por isso mesmo por mais quatro anos. 

A coisa vai mudar no dia em quer surgir alguém com carisma e poder de liderança pra superar todos os rancores que, como pude observar, quase todo mundo tem contra quase todo mundo. Até lá, nos resta torcer e que cada um faça uma análise de sua própria consciência. " (Timpin)

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Exclusivo para apreciação de Campo Grande

Michel Teló, aquele mesmo da "Ai se eu te pego", está com duas músicas novas na praça. Uma para o mercado nacional, outra para o exterior. Seu produto de exportação chama-se "Bará Berê", já o produto interno chama-se "Parapapá". Fosse ele um cantor iniciante, eu daria 80% de desconto por fazer uso de fórmulas prontas em busca do sucesso, mas não é o caso deste cidadão. Ele tem em seu currículo mais de dez anos como cantor do grupo Tradição, apesar de nunca dizer isso em entrevistas. E qual seria o motivo deste silêncio? É o que tentaremos contar aqui. Senta que lá vem a história.


Tudo começou em 2008, quando o grupo Tradição estava finalizando seu DVD Micareta Sertaneja 2. O anterior tinha rendido um disco de ouro e uma apresentação no Domingão do Faustão. Tinha tudo para não só repetir a dose como ainda apresentá-los para o resto do Brasil, já que seu sucesso ainda era regional. Ocorre que quando tudo já estava pronto, inclusive a arte final do DVD, Michel e seu seu irmão Teófilo Teló, disseram que as oito músicas que estavam registradas na editora Panttanal, que era deles, só seriam liberadas mediante ao pagamento de uma pequena fortuna por cada uma. Valores absurdos, completamente acima do valor do mercado.

Naturalmente a banda declinou da proposta, alegando que se fosse o caso, excluiriam as tais oito músicas e seguiriam em frente. Então os dois rebateram: se fosse feito assim, os direitos de uso das imagens do cantor não seriam liberados. O que se seguiu foi uma discussão que, segundo fontes seguras, chegou às vias de fato. Em seguida foi convocada uma entrevista coletiva em que Michel Teló anunciou sua carreira solo, tranquilizando os fãs de que compriria a agenda de shows já vendidos, permanecendo na banda por seis meses.

Durante meio ano a banda se apresentou por toda a região Sul e Centro-oeste, disfarçando nos palcos o clima horrível que imperava nos bastidores. Chegou agosto de 2009, Michel desligou-se da banda, levou debaixo do braço toda a estrutura de palco e ainda estreou solo usando nos cartazes de divulgação a expressão Micareta Sertaneja. Deixou pra trás uma banda falida e despedaçada. Todos os outros membros saíram, como exceção do guitarrista Wagner Pekois, que insistiu em tentar o que na época era considerado por todos uma louca utopia, recomeçar do zero.

E foi o que ele fez. Inicialmente viajou com o empresário da banda Wagner Hildebrand ao Rio Grande do Sul e em Ijuí recrutou os irmãos Guilherme e Leonardo Bertoldo, cantor e baterista do grupo Os 4 Gaudérios, respectivamente. Da banda sul matogrossense Zíngaro contratou o sanfoneiro Jefferson Villalva, o baixista Leandro Azevedo e o percussionista Marcio Pereira. Formação nova, gravaram o disco "Caixinha de Surpresas" e caíram na estrada por dois anos até adquirirem a sinergia e a verba necessárias para a gravação de um novo DVD. A idéia era tentar algo novo e gravar ao vivo na praia de Camboriú. Foi aí que os irmãos Teló apareceram de novo na vida do Tradição.

Ao saberem que Michel Teló se apresentaria na região mais ou menos na mesma época, Teófilo Teló telefonou para todo mundo da produção do DVD, desde o diretor até o roadie, tentando comprar a idéia, naturalmente oferecendo uma fortuna, posto que além da família Teló ser riquíssima, ainda possuíam uns trocados restantes da extorção praticada em cima do Tradição. Como todos já sabiam do antigo golpe, recusaram a proposta e o resultado foi o DVD "Tô de Férias", um dos melhores lançamentos sertanejos de 2011, apesar da baixa repercussão que teve na mídia.

Só que a lei do karma ruim é implacável, a música "Ai se eu te pego" pode estar tocando no planeta inteiro, mas o "sucesso" de Michel Teló é uma bolha, uma mera ilusão porque ele não tem fãs. Ao contrário da maioria dos cantores que saem de suas bandas e se lançam em carreira solo, os fãs do Tradição não migraram para o lado do cantor, muito pelo contrário, permaneceram ainda mais fiéis à banda, sendo praticamente uma extenção do departamento de divulgação. Enquanto a preocupação de Michel é ganhar mais e mais dinheiro, o Tradição segue apostando na construção de uma carreira artística de qualidade.

O dia em que algum empresário visionário resolver investir no Tradição, o Brasil irá conhecer um dos melhores shows da atualidade. Se no momento Michel Teló é um dos artistas mais saturados do país, certamente o Tradição é o segredo mais bem guardado. Quem vai entrar na história como o mocinho e quem vai entrar como o bandido, só o futuro dirá. Mas não é muito difícil de advinhar.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

EX clusivo pra Cida

A idéia era curtir uma balada sertaneja. Os anfitriões eram um blogueiro e uma radialista. Quem faria o carreto era o blogueiro. Em cima da hora mandei o link com o mapa de localização do hotel onde estou hospedado. Em cinco minutos veio a resposta via DM: "Mala...a sua rua se eu entrar de carro ai eu saio a pé...então preciso que me espere na Praça Princesa Isabel, ok?" Gente boa pra caralho o cara, né não? Esse "me espere..." era meia noite.
Mas como eu queria muito conhecer a radialista encarei a empreitada de boa, municiado de um plano genial: ir bem mulambento e emulando um noiado de crack ao andar pela rua e ser confundido com a paisagem.
A balada era a mais completa e perfeita bosta. Parecia cozinha de buffet por quilo de posto de BR, tamanha a quantidade de panelinhas. O blogueiro só ficava de bulling comigo por causa da minha camiseta do Bonde dos Playboys e visivelmente queria comer a radialista antes de mim.
Mas quando fomos pro fumódromo acionei minha artilharia pesada. Me sentei ao lado dela, me escorei num coqueirinho iluminado por uma luz verde que vim lá de baixo e começei a traçar comentários a cerca das manchinhas nas costas delas. Tudo sussurrado no ouvido, logicamente. Comentei das marquinha marrom maior, depois das periféricas, até chegar nos pneuzinhos da barriga que eu disse ter certeza que ela estava escondendo com aquele sinto apertado e que isso não era um problema, mas sim a prova de que ela uma mulher de verdade e provavelmente de pegada.
O blogueiro se ligou de meu ataque aéreo em dois tempos e colou junto, frustrando todo o meu investimento poético. Fui no bar pegar mais cerveja.
Na volta começou a tocar aqueles sertanejões mais forrozeados e não titubeei em convidar a radialista para dançar. O blogueiro começou a coçar o cavanhaque e vi que a coisa não ia bem, mas não desisti, sou duro na queda, porra. Só que na hora em que fui ensinar ela a "arrochar e descer até o chão" o cara surtou, me deu um empurrão e legendou com a frase "Qualé, mermão?"
Resignado, passei o resto da noite bebendo escorado no coqueirinho de luzes verdes, esperando o fim daquela balbúrdia de quinta o observando a bunda gigantesca de uma loira que dançava do outro lado da vidraça e especulando: "se essa porra virar astronauta e for pra lua, vai rolar um vudú gravitacional e Terra é que vai girar ao redor da lua..."
Não lembro direito como é que eu fui parar dentro do carro no final da festa, mas lembro muito bem que o blogueiro simulou que estava na minha rua e que eu não estava sabendo dizer onde era o hotel e graças a este argumento, me abandonou na Praça Princesa Isabel, onde tudo havia começado.
Lógico que eu tomei a direção errada e começei a andar em círculos, não fazendo a mínima idéia de onde caralho estava a porra do hotel. Fui salvo por três noiados de crack que, em gratidão a carteira de Luck Strike azul (que eu odeio e só tinha comprado porque não tinha outro na balada) que dei ales, me conduziram até o hotel, onde ainda tomei mais duas latas de cerveja antes de pacotar, miseravelmente puto da cara.
Basicamente foi isso. E definitivamente, não é grande coisa.