Semana passada foi ao pela TV Bandeirantes o programa A Liga sobre tecnobrega. Os destaques foram Gaby Amarantos e Gang do Eletro. Era tudo o que o pessoal de Belém queria, que o tecnobrega fosse divulgado em rede nacional. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Muita gente não gostou da maneira como tudo foi apresentado. Em seu perfil no Facebook, o Dj Pith Batidão externou sua opinião e com isso, catalizou uma série de desabafos de outros belenenses nos comentários. As palavras de Pith Batidão foram as seguintes:
"Minha opinião sobre o programa é a seguinte. Eles agiram o tempo todo como se a tremidinha, o treme, o passinho, o piripaque e etc fossem um ritmo. Como meu amigo Joe Benassi falou uma vez, isso não é um ritmo, isso é uma dança. Deu a entender que aqui no Pará só toca Gang do Eletro e Marlon Branco. Eu não tenho nada contra eles, até porque são meus amigos, acho que faltou ao programa mostrar outros tipos de tecnomelodys, que apesar de serem versões de músicas internacionais, são as músicas que realmente predominam aqui em Belém e no resto do Pará. Vou dar exemplos de algumas bandas: AR-15, Os Brothers, M-Synck, Anjos do Melody, Bruno e Trio, Banda 007, Estrela do Melody, Kalango, Os Karinhas, Companhia do Tecno, New Melody e muitas outras". (Pith Batidão)
Várias pessoas concordaram com as palavras de Pith Batidão. Mais de oitenta pessoas curtiram a publicação e os comentários superaram as duas centenas. Do coro dos descontentes, o mais exaltado foi Joe Benassi. Suas palavras saíram carregadas de um certo revolta incontida:
"...só fico triste que os "bola da vez" não tenham a minima consideração, lealdade, bom senso, escrúpulo, de orientar a produção do tal programa, pra que fosse feito um documentário claro, transparente, real e acima de tudo íntegro... Mas por outro lado ate que não foi tão ruim, serve pra baixar a bola de uma meia duzia que se acha a nobresa do techno melody se achando superior as bandas que eles excluirm forçadamente do techno melody para o que eles deram um titulo novo chamado Tremidinha." (Joe Benassi)
Sua revolta no entanto é compreensível. Afinal de conta lá estava a Gang do Eletro sob os holofotes, aclamada pelo seu inovador eletromelody (o tecnomelody padrão do Pará, mais acelerado e mais pesado, devido à mistura com eletrohouse europeu) e ele foi o criador da mistura, juntamente com o cantor Marcos Maderito. Contigências do destino fizeram com que os dois seguissem caminhos diferentes. Hoje Joe está na batalha com sua Techno Machine junto com David Sampler e talento pra chegar onde a Gang do Eletro está chegando, tem de sobra.
Waldo Squash, hoje o maestro da Gang do Eletro, é um cara extremamente diplomata, centrado e de bom senso. Quando a fogueira estava queimando no tópico de Pith Batidão, apareceu para esclarecer as coisas. A declaração de Waldo foi a seguinte:
"Amigos, isso é só o primeiro passo para o crescimento real da cena, essa não foi a primeira e nem será a ultima reportagem que será feita aqui. O mercado musical tem espaço para todo mundo, basta ter paciência e trabalhar duro. Não sei se vocês perceberam, mas já tem uns 5 meses que a Gang do Eletro não grava músicas novas. Isso é por que estamos trabalhando duro fora do estado, tentando vender o som que agente faz.Mas esse trabalho não é pra exaltar somente a Gang do eletro, e sim a todos que trabalham o mesmo Gênero musical.
Os meninos da banda UÓ tem um publico muito grande dentro do brasil e estão ajudando a espalhar o rítmo. Sair da sua terra e tentar conquistar novos amantes desse tipo de musica não é fácil, em todo lugar tem uma cena musical que é muito diferente do que vivemos em Belém, o som daqui soa estranho no ouvido das pessoas fora. Mas vamos chegar lá com ajuda de todos, queríamos poder colocar todas as bandas dentro da matéria, tanto que convidamos os meninos da ARK para a gravação no dia do SUPERPOP, mas isso fica a critérios dos editores, eles vieram aqui e nós levamos eles nas festas do Tupinambá, SuperPop, Badalasom... não levamos em mais por que Mega Príncipe e Rubi não estavam tocando em Belém no final de semana em que eles estavam gravando. Mas em fim, vamos nos ajudar que a coisa anda, minha gente!" (Waldo Squash)
Com a declaração de Waldo Squash ficou claro que todos os deslizes da matéria são única e exclusivamente de responsabilidade da produção da matéria. O motivo pelo qual estou contextualizando aqui os principais comentários, é que eles são reveladores de uma característica muito forte que tenho notado nos artistas paraenses, principalmente os da cena do tecnobrega: a desunião e uma aparentemente indestritível rede de intrigas. É raro encontrar alguém - e o Waldo é um desses raros alguéns - que não fale mal de outro alguém. É isso que prejudica o movimento e que praticamente inviabiliza a coisa toda na forma de um movimento. Pra finalizar, colo aqui o meu depoimento na discussão, que mais ou menos sintetiza o que eu penso a respeito:
"Em primeiro lugar, temos que parar com essa mania de achar que uma reportagem, principalmente feita por alguém de fora, vá dar conta de toda a diversidade musical local. Isso é impossível, ou os caras mantém um foco ou o telespectador não vai entender nada.
Em segundo lugar é essa desunião. O tecnomelody é um ritmo consolidado, mas está muito longe de ser um movimento. Como ritmo, o tecnomelody não conseguirá estourar nacionalmente. Pode uma banda ou um artista, que é mais ou menos o que está acontecendo com a Gaby e com a Gang.
Acompanho a cena de perto já fazem quatro anos e tenho percebido um padrão: todos esperam que o tecnomelody estoure, mas como não há um movimento, como disse, isso nunca vai acontecer. Ou as pessoas esquecem o "estouro" e se concentram em "trabalho contínuo em harmonia" ou vai ficar por isso mesmo por mais quatro anos.
A coisa vai mudar no dia em quer surgir alguém com carisma e poder de liderança pra superar todos os rancores que, como pude observar, quase todo mundo tem contra quase todo mundo. Até lá, nos resta torcer e que cada um faça uma análise de sua própria consciência. " (Timpin)
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